quinta-feira, 25 de outubro de 2012



                  



VIDA, PERDÃO E PAZ

"Nisto conhecemos o que é o amor. Se Cristo de a sua vida por nós, devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos"                     I João 3: 16




Traição, frustração, decepção, sentimento de abandono, incompreensão, tristeza, rejeição, desprezo, perda. Até parece que o universo inteiro esta em conspiração contra nós, nada parece estar certo; é um passo para frente e dois para trás. Esses sentimentos, quando não tratados são capazes de gerar em nós doenças fatais.                                            

Quando falamos de perdão, somos remetidos, automaticamente ao passado. Por que isso? Porque os registros em nossa mente que temos hoje, e que foram arquivados por razões traumáticas, tende a nos trazer tristeza e sofrimento no presente, e se não houver cura, nosso futuro estará seriamente comprometido. A cura para esse mal vem através do perdão. Só o perdão traz cura em situações de feridas na alma. Não perdão recebido, mas sim, o perdão liberado! [perdoai e sereis perdoados...] e [Colossenses 3: 13].


Para termos um futuro com uma vida espiritual saudável precisamos compreender que, para seguirmos nosso caminho precisamos liberar o perdão, assumir a perda, desprendermos de situações que nos aprisionam em nossos cárceres interiores e nos impedem de sermos felizes.


Talvez você não mais tenha a chance de concertar o seu passado, mas o seu presente esta diante de você e seu futuro o aguarda para novas conquistas. Basta que você abra seu coração e abra mãos de suas próprias vontades em relação a alguém que lhe abriu algum tipo de ferida na alma. Saiba que, o perdão é como um bálsamo que alivia a dor. Experimente liberar o perdão, você verá que perdoar é só para aqueles que experimentaram o verdeiro perdão, o de Deus.







PROJETO REALIZADO COM ALUNOS DO LYCEU PARAIBANO

PROJETO DE PESQUISA REALIZADO COM OS ALUNOS DO LYCEU PARAIBANO





CONHECENDO A HISTÓRIA DA PARAÍBA ATRAVÉS DOS SEUS MONUMENTOS:                                                                           Pesquisa de campo em monumentos não conservados, Basílica de Nossa Senhora das Neves e Primeira Igreja Batista em João Pessoa






APRESENTAÇÃO


            O historiador é fundamental em todos os segmentos culturais, pois ele investiga, questiona e auxilia na busca de conhecimento, desvendando as particularidades de diferentes espaços e períodos vividos pela humanidade, como diz uma frase célebre: “Um povo sem História, é um povo sem memória”.
A ligação com o cotidiano está tornando a História cada vez mais atraente para o grande público. Revelando a importância da memória histórica como resgate da heterogenia de povos. Contestando o processo hegemônico do binômio globalização/neoliberalismo e sua meta de transformar o mundo numa aldeia global, despertando assim uma carência de investigação na história regional, pontuando vivências cotidianas e sentimentos de pertencimentos específicos.
É imprescindível tomar consciência do papel que cada um pode e deve representar na sociedade brasileira, em busca de identidade própria. Aceitar as diferenças sem preconceitos e lutar pela coesão social de pensamento, objetivando a conquista do bem comum são outras providências. Para tanto, é necessário uma conscientização histórica, revelada através da memória para que com as experiências do passado possamos aprender, no presente e buscar um futuro mais promissor.
É através da experiência vivida no passado, dos erros e acertos, das ilusões e desilusões, das ideologias e utopias, dos sonhos e das realidades, das verdades e mentiras, das buscas e desistências, dos medos e das coragens, enfim, de tudo que se viveu, sentiu ou pensou que se pode corrigir, no presente, objetivando melhorar no futuro. Tudo isso só é possível se o historiador lançar mãos dos diversos tipos de fontes, pois, nem tudo está escrito.
Sobre história, sociedade, economia, política, religião e arte existem diversos aspectos que podem ser estudados e desvendados em nossas cidades, basta somente um direcionamento de pesquisa e pesquisador, professores e alunos para que novas concepções venham a existir, conceitos sejam revistos e a História ganhe novos horizontes, na construção cotidiana. Temos como exemplos os monumentos históricos, ou que fazem parte da História da nossa cidade como a Basílica de Nossa Senhora das Neves, A Primeira Igreja Batista, alguns casarões não conservados, entre outros.          Sobre eles, deixarei um pouco mais de informações a seguir.

A BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES

A Igreja de Nossa Senhora das Neves está ligada diretamente a conquista da Paraíba, pois foi nesse local, no alto da colina, que nos idos de 1585, os colonizadores fundaram a primeira igreja dedicada a Virgem das Neves.
Através do estudo sobre esse monumento, podemos abordar os seguintes pontos: relação igreja-estado, padroado português, importância da religião nas conquistas portuguesas, estilos artísticos, hábitos sociais e barroco colonial.
Nos primeiros 400 anos de presença européia nas Américas, a Igreja Católica tinha um campo limitado de atuação, embora tivessem ocorrido insubordinações por parte de bispos e clérigos que não aceitavam a intervenção do Estado em questões religiosas. Durante o período Colonial e depois da independência, a Igreja dependia economicamente do poder estatal, não lhe cabendo o direito de contestar a ordem vigente. Quando isto acontecia, a repressão não tardava, através de prisões ou degredos. A criação das dioceses, o recolhimento do dízimo e o pagamento do clero eram atribuições do Estado, em virtude do padroado (BRUNEAU,1974. p. 31).
Padroado é a outorga, pela Igreja de Roma, de certo grau de controle sobre a Igreja local ou nacional, a um administrador civil, em apreço de seu zelo, dedicação e esforços para difundir a religião católica.


PRIMEIRA IGREJA BATISTA

O templo atual apresenta um estilo arquitetônico neoclássico de marcante beleza, encontrando-se localizado na Av. Pres. Getúlio Vargas, s/n – Centro. A história da Primeira Igreja Batista em João Pessoa inicia com um grupo de oito irmãos vindos de outra denominação evangélica, que depois de lerem e comentarem juntos o capítulo 3 do Evangelho de João, com referência ao batismo de Jesus procuraram ouvir mais, de alguns crentes batistas residindo na capital paraibana, sobre as diferenças do modo de batizar. Manifestaram então o desejo de serem submetidos ao batismo por imersão, como acreditam os batistas. Juntos, os dois grupos mandaram convidar o Pr. João Borges da Rocha que dirigia a Primeira Igreja Batista do Recife, a fim de ouvir mais sobre o assunto, e consultar sobre o que fazer se não havia ainda na cidade, qualquer congregação batista organizada.                                                                                         Na memorável noite de 19 de janeiro de 1914, também com a presença do missionário norte-americano Donaldo Lee Hamilton, reuniram-se em uma casa na antiga rua da Independência em Jaguaribe, hoje, rua Capitão José Pessoa, dirigem um Culto a Deus e após, realizam uma assembléia onde se fez ouvir a declaração de fé de vários irmãos, com promessa de carta demissória de suas igrejas, e o pedido de profissão de fé daqueles outros, vindos de outra denominação. Depois de ouvi-los, suspende-se a assembléia, seguindo todos até o Rio Jaguaribe, onde são batizados às 21h. O grupo retorna a casa do culto. Aí então, os irmãos, com os pastores presentes, declaram e proclamam a instalação e fundação da PRIMEIRA IGREJA BATISTA DA PARAÍBA.
Durante o período colonial, apenas o cristianismo praticado pela Igreja Católica Romana era permitido em terras brasileiras. Gilberto Freyre já assinalou em Casa Grande & Senzala que o único requisito que a coroa não abria mão para permitir a vinda de reinóis para a colônia era a profissão da fé católica. A forte presença de ingleses no Brasil a partir de então levou ao reconhecimento por D. João do direito dos britânicos, a maioria anglicanos, de celebrarem seus cultos religiosos. A fórmula consagrada nos tratados de “comércio e amizade” e na constituição de 1824 foi autorizar a realização de cultos no interior de casas sem aparência externa de igrejas e na língua do celebrante, isto é, em inglês, de modo que não houvesse proselitismo com os nacionais. Sob esta legislação atravessamos todo o século XIX, com o agravante de que apenas os casamentos em igrejas católicas eram reconhecidos, não havendo sequer o casamento civil, e os cemitérios seguiam administrados também pelos seus templos. A proclamação da república consagrou em definitivo os instrumentos jurídicos que separaram a Igreja do Estado e implantaram a liberdade religiosa. 

JUSTIFICATIVA

De acordo com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)- Lei nº 9.394/96 – artigo 26, que enfatiza sobre a parte diversificada dos currículos do ensino fundamental e médio, deve-se observar as características regionais e locais da sociedade e da cultura, o que possibilita uma abertura para a construção de uma proposta de ensino de História Local, voltada para a divulgação do acervo cultural de municípios e Estados.                                                                                                                          Conhecer a história de sua cidade e saber comunicá-la deve ser papel fundamental na vida dos moradores de cada região. Quando se busca conhecer mais sobre algo, percebe-se o quanto é importante esse ato e como há profundidade e significado no que existe ao redor. Não deixando de lembrar que o povo paraibano como dizem os turistas, é bastante acolhedor e disposto a dar informações a qualquer pessoa que visite este lugar, onde o sol nasce primeiro. Percebendo essa qualidade tão importante na história de nossa coletividade, procurei entender os motivos que levou o alunado e também moradores da região a não ter a mesma disposição para dialogar sobre a história do nosso estado, particularmente sobre os monumentos.                                                                                                       Após muitos diálogos ocorridos durante os dias de participação do planejamento escolar anual em fevereiro de 2012, percebi que essa dificuldade existente para a argumentação, está explícita na falta de sentido de pertencimento de alguns, a falta de estudos sobre os monumentos de nossa região por outros e acima de tudo, falta de valorização da história local sobrepujada sobre a História do Brasil em geral; conseqüência dos exames de âmbito nacional, a exemplo do ENEM.                           Diante do exposto, objetivando minimizar essa lacuna cultural em nossos alunos, busquei a pesquisa da memória arquitetônica, monumentos, e levantamento da história não escrita, oral, do estado da Paraíba, inicialmente estudando a cidade de João Pessoa. Fundamentando nossa proposta, Meihy (1998), informa que
“De início a história oral combinou três funções complementares: registrar relatos, divulgar experiências relevantes e estabelecer vínculos com o imediato urbano, promovendo assim um incentivo à história local e imediata” (MEIHY, 1998, p.22).

“A história oral possibilita a construção e a reconstituição da história por meio dos relatos individuais ou coletivos”. (REINALDO, A.M.S.; SAEKI, T.; REINALDO, T.B.S., 2003, p. 55)
Pensei então, na possibilidade da elaboração deste projeto educacional, buscando proporcionar a esse aluno, pesquisar in loco e compreender um pouco mais sobre a história do nosso estado. E assim, estarei levando os alunos a terem novas experiências, valorizando também a história oral, fonte imaterial de vivências e experiências, muito importante para a sociedade. Com a história oral, Ferreira (1998) destaca
“Em linhas gerais, revalorizou-se a análise qualitativa, resgatou-se a importância das experiências individuais, ou seja, deslocou-se o interesse das estruturas para as redes, dos sistemas de posições para as situações vividas, das normas coletivas para as situações singulares”. (FERREIRA, 1998, p.4)
Dentro desse pensamento, desenvolvi o projeto específico para ser executado em sala de aula, através de reuniões e orientações, como também pesquisando em campo.

OBJETIVO GERAL:

Despertar o corpo discente para uma maior compreensão da história local, através de pesquisas de campo em monumentos históricos.

Conhecer o modo de vida de diferentes grupos, em diversos tempos e espaços, com suas manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles, continuidades e descontinuidades, conflitos e contradições sociais.

Valorizar o patrimônio cultural local, respeitando a diversidade religiosa e social.

  
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Analisar a importância da religião, economia, política e sociedade para a formação da identidade e cultura do nosso povo.

Destacar a importância dos monumentos históricos e sua arquitetura, para um maior entendimento do meio social em que estamos inseridos.

Questionar a conservação e recursos financeiros dos monumentos históricos selecionados.

Conhecer histórias de vida das pessoas e do município, através dos temas transversais – Cidadania, pluralidade Cultural, religião e Ética.

Criação de diários de campo, pelos alunos participantes do projeto.


 METODOLOGIA

Santos (2000) definiu metodologia como um conjunto de procedimentos necessários para a realização de uma pesquisa científica e emerge, a partir das antecipações mentais, o momento em que se inicia o processo de racionalização das ações em torno da questão a ser solucionada. Os procedimentos realizados foram os mais diversos possíveis.                                                                                           Organizei grupos de pesquisa nas turmas e coloquei um líder para repassar as informações dadas em cada reunião que fiz.                                                    Observação simples, fotografias e questionário semi-estruturado, foram também orientados em cada etapa distinta.
Foram realizadas além da pesquisa de campo, onde os alunos foram até os lugares que estavam propostos no projeto, pesquisa bibliográfica visando coletar dados e relatos existentes em livros, periódicos e publicações (como teses, monografias e demais artigos). Eles utilizaram a internet também como meio de conhecerem mais sobre a história local e o monumento em estudo.                                                                 Tais estudos objetivam construir uma base teórica para, posteriormente, servir de apoio à formulação do questionário que foi aplicado.
Como os questionários são meios mais práticos e permite o completo anonimato do respondente (COZBY, 2003), estes foram elaborados com formato semi-estruturado, ou seja, possuindo questões abertas e fechadas, oferecendo oportunidade ao participante de alocar maiores informações além daquelas sugeridas pelos entrevistadores (SANTOS, 2000).                                                                                                              Porém, os alunos também puderam fazer durante a entrevista, algumas perguntas mais descontraídas, surgidas no momento e bem articuladas por eles. Além disso, fizeram anotações pessoais no diário de campo, descrevendo com detalhes algumas situações que marcaram suas reuniões.                                                                              A avaliação do aluno participante do projeto se deu de maneira contínua diagnóstica através da participação em sala, nas atividades orais e escritas, e fora dela, nas pesquisas de campo, diários organizados, fotos, entrevistas feitas e na exibição do resultado do trabalho na escola.                                                                                               Esta avaliação foi sempre com o objetivo de verificar se o aluno estava realmente compreendendo os assuntos abordados na pesquisa, para então poder seguir para os passos existentes em cada etapa. Na semana final do projeto, ocorreu a exibição dos resultados de cada sala em apenas um dia, devido termos anteriormente a semana cultural na escola.


CRONOGRAMA:


ATIVIDADES REALIZADAS

MESES / 2012
                                                                                                                            
              

Maio

Junho

Julho

Agosto
Entrevista com alunos
X
Apresentação do projeto
X
Levantamento bibliográfico
X
Solicitações de ofícios na escola
X
Agendar visitas ao monumento
X
Observação direta
X
Entrevistas com responsáveis                                                       pelo monumento
X
Conclusão final do trabalho
X
Confecção de relatórios e diários de campo
X
X
Apresentação dos resultados
X




REFERÊNCIAS:

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e Métodos. São Paulo. Cortez, 2004.
BRUNEAU, T. C. O catolicismo brasileiro em época de transição. São Paulo: Loyola, 1974.
CANTO, A. C. L. 2006. Educação Patrimonial aplicada nos trabalhos de arqueologia do Antigo Engenho Paul (PB): um estudo integrado. Resumos da I Jornadas do Patrimônio Cultural no Espírito Santo, 2006, Vitória –ES.
DEBALD, Blasius Silvano. A relação da Igreja Católica com o Estado brasileiro – 1889/1960. Disponível < http://www.uniamerica.br/pdf/geral/b869d5b9a0.pdf.> Acesso em 12/05/12.
FERREIRA, Marieta de Moraes. Desafios e dilemas da história oral nos anos 90: o caso do Brasil. História Oral, São Paulo, nº 1, p.19-30, jun. 1998.    Disponível< http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/516.pdf> Acesso em 03/05/12.

IANNI, Otávio. A sociedade global. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
PEREIRA, Aldiceia M. A importância da história local para o ensino de História: um olhar para o município de duque de Caxias. 2011.
REINALDO, A.M.S.Reinaldo,; SAEKI, T.; REINALDO, T.B.S. - O uso da história oral na pesquisa em enfermagem psiquiátrica: revisão bibliográfica. . Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 5 n. 2 p. 55 – 60, 2003. Disponível <http:/www.fen.ufg.br/revista> Acesso em 10/05/12.

SCCUOGLIA, Jovanka Baracuhy Cavalcanti; TAVARES, Marieta Dantas. Patrimônio: Lazer & Turismo, v. 6, n. 8, out.-nov.-dez./2009, p.12-33.

Disponível < http://www.pibjp.com.br/> Acesso em 04/03/12.

Disponível < http://www.fen.ufg.br/revista/revista5_2/historia.html> Acesso em 14/04/12.



                                                FOTOS DAS ETAPAS DO PROJETO:

REUNINDO COM OS PROFESSORES PARA ORGANIZAÇÃO DO PROJETO

ORIENTANDO OS ALUNOS NO PROJETO

ALUNA COM DIFICULDADES AUDITIVAS CONVERSANDO SOBRE O PROJETO COM A  INTÉRPRETE 
CONFECCIONADOS BANNER


ALUNOS COM DIFICULDADES VISUAIS


PEÇA DA TURMA 2º ANO 9


CONFECÇÃO DE DIÁRIOS DE CAMPO

TRABALHO DE PESQUISA DAS SALAS DIGITADO E JUNTO COM DIÁRIOS DE CAMPO


SALA 2º ANO 10 VISITANDO A BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES

PEÇA 2º ANO 10

ALUNOS EM CONFRATERNIZAÇÃO DEPOIS DAS APRESENTAÇÕES

EXPLICANDO O PROJETO PARA OS VISITANTES

PROFESSORES VISITANDO AS SALAS



PEÇA TURMA 2º 11

PROFESSORAS VISITANDO AS SALAS
                           O PROJETO FOI UM GRANDE APRENDIZADO PARA TODOS!!




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Quando o SAGRADO se manifesta

             O homem toma conhecimento do sagrado porque este se manifesta, se mostra como algo absolutamente diferente do profano. A fim de indicarmos o ato da manifestação do sagrado, propusemos o termo hierofania. Este termo é cômodo, pois não implica nenhuma precisão suplementar: exprime apenas o que está implicado no seu conteúdo etimológico, a saber, que algo de sagrado se nos revela.  
                     Poder-se-ia dizer que a  história das religiões – desde as mais primitivas às mais elaboradas – é
constituída por um número considerável de hierofanias, pelas manifestações das realidades sagradas.         A partir da mais elementar hierofania – por exemplo, a manifestação do sagrado num objeto qualquer, urna pedra ou uma árvore – e até a hierofania suprema, que é, para um cristão, a  encarnação de Deus em Jesus Cristo, não existe solução de continuidade. Encontramo-nos diante do mesmo ato misterioso: a manifestação de algo  “de ordem diferente” – de uma realidade que não pertence ao nosso mundo – em objetos que fazem parte integrante do nosso mundo “natural”, “profano”.
                                                                                                       
O homem ocidental moderno experimenta um certo mal estar diante de inúmeras formas de manifestações do sagrado: é difícil para ele aceitar que, para certos seres humanos, o sagrado possa manifestar-se em pedras ou árvores, por exemplo. Mas,  como não tardaremos a ver, não se trata de uma veneração da pedra  como pedra, de um culto da árvore como árvore. A pedra sagrada, a árvore sagrada não são adoradas com pedra ou como árvore, mas justamente porque são hierofanias, porque “revelam” algo que já não é nem pedra, nem árvore, mas o sagrado.
                                                                                                                       Mircea Eliade

http://gepai.yolasite.com/resources/O%20Sagrado%20E%20O%20Profano%20-%20Mircea%20Eliade.pdf